ENCONTRO REFLEXIVO

  2023 – o ano que observei TANTO a minha existência – “cheguei bem perto da loucura…”  

 Depois que meu pai faleceu, apesar de toda saudade, dor e pequenos momentos de alegria, começo a entender o motivo de chegar tão longe (pelo menos vejo luz no fim do túnel – 3 anos depois). Acredito que eu tinha um propósito na vida do meu pai e ele na minha. Acredito também que a vida não é só trabalhar e morrer dentro de um hospital, segurando a mão da pessoa que você ama (talvez foi sorte minha e dele – ter um ao outro). Talvez…

 2023 o ano de muita reviravolta, clareza e reflexão – e não só em torno do ocorrido que aconteceu há 3 anos, mas sim com o meu “EU”. Vejo que os meus ombros hoje se sentem mais soltos, as minhas palavras possuem peso dentro e fora dos meus pensamentos (tanto negativo como positivo), o meu caminhar está mais leve (apesar de ainda pisar em terrenos desconhecidos).

 Muita coisa aconteceu em 1 ano. Perdi pessoas, ganhei espaço, observei calada e virei a mesa. Prometi que não carregaria as mesmas apostas de todos os anos para 2024. Encontro prazer em abrir a janela e ver o dia lá fora. Vejo o brilho dos meus olhos olhando para o espelho, observo a luz entre meus lábios – vejo até DEUS nos “pequenos” milagres do dia a dia (aaah, doutora Adriana ficaria orgulhosa de me ver falando assim.. e assim um dia eu duvidei dos pequenos milagres – O PALIATIVO deu paz para o meu coração).

 2023 talvez tenha sido o ano em que mais troquei de “pele”. Senti muitas coisas – até mesmo o NADA (VAZIO). Encontrei paz para os meus pensamentos nos livros – imaginação. Alguém aqui conhece algo sobre AMOR FATI? MOMENTO MORI? RECOMENDO. Digo que os livros – principalmente a filosofia – salvaram muito a minha vida desde 2022. Tive um encontro lindo com a minha existência por meio da psicoterapia e a filosofia – parece que agora tudo faz sentido.

 Hoje eu entendo o motivo de “tanta” espera que o meu “eu” gritava. Era a minha paz, dos meus pensamentos fazendo sentido. Tudo encaixa perfeitamente… e talvez agora eu consiga dizer: “EU NÃO ESTAVA ERRADA” – apenas esperando o momento certo para dizer: “Eu sabia que ele (momento) existia”.

 Olhar para a estrada, chegar até aqui, respirar e sentir firmeza nas minhas palavras não foi nada fácil. Provação. Passar pelo “olho do furacão” e permanecer em pé foi um desafio – físico e mental. Talvez eu nem soubesse a força que tinha/tenho até precisar ser forte (novamente). Mas eu também agradeci, aliás, desde que meu pai faleceu, encontro só momentos para agradecer – (já contei para vocês o processo, mas não o interno). Há quem diga que sou uma pessoa dura, mas nos últimos meses provei que não (não que faça diferença, mas os julgamentos… eles existem). Queria chegar aqui. Cheguei.

 Em novembro de 2023, perdemos uma amiga – amiga da família – mãe do meu primeiro namorado para o câncer. Foi um choque reviver a situação: ficar sabendo da notícia, visitar no hospital, depois em sua casa… a despedida no cemitério. Revivi tudo que passei com o meu pai e meu tio. Todos os dias. Mas o ponto que eu gostaria de chegar, é cada um recebe a situação de um jeito: alguns sereno, só esperando sua hora (meu pai), outros revoltados (ela). Acompanhei bem de perto a sua revolta, mas não fiz qualquer julgamento – e nem devo. Vi a frieza em seu olhar, nas palavras e no abraço. Sei que não era comigo, talvez com ninguém… apenas com ela mesma: “NÃO ME ARREPENDO DE NADA QUE EU FIZ” – ASSIM ELA MANDOU UMA DAS ULTIMAS MENSAGENS. Deve ser muito pesado, mas eu não podia me envolver emocionalmente naquela situação novamente e por vários motivos: O FILHO DELA ERA MEU EX E EU SABIA QUE ELA NUNCA FEZ GOSTO DO NOSSO RELACIONAMENTO (CRENÇAS LIMITANTES – NÍVEL SOCIAL …). Vários motivos, mas naquele momento eu pensei: “OUTRA PESSOA TÃO PERTO DE MIM, MORRENDO PELA MESMA DOENÇA QUE OS MEUS…”

 Gostaria muito de dizer a ela, que o perdão cura (ou pelo menos tira um peso). Talvez ela tenha percebido que eu nunca levei em consideração toda ofensa, deboches… eu apenas cresci e segui o meu caminho, assim como o filho dela – que hoje entende qual foi a sua maior burrada (assim disse ele com o filho nos braços). Eu também não fui fácil, não levei desaforo para casa… escolhas, né? Se tem uma coisa que eu aprendi com o meu pai em seu diagnóstico e leito de morte foi: VIVA COMO SE FOSSE MORRER AMANHÃ.

 Então eu paro para pensar em tudo e só consigo ver que no final: TODO MUNDO MORRE. Devemos aproveitar os segundos. Ser feliz. A vida é tão rara.

 Mas cá entre nós, no dia seguinte eu estava igual aos outros dias: tranquila. Dizem que sou fria, mas gosto de dizer: REALISTA. Eu não sei o que é pior: chorar por tudo (ser taxada como fraca ou frágil) ou não chorar por nada (aquela que não tem sentimentos). Sigo dizendo: “Algumas dores a gente só entende quando passa.” Chegar até aqui não foi fácil. Eu não posso desmoronar por acontecimentos externos…

NÃO É O FIM… AINDA NÃO!

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